terça-feira, 31 de julho de 2001

VOLTAR A ESCREVER... mas como? Digitar transpôs a integridade da caneta, e agora que penso em rabiscar, eu clico teclas descoloridas. Suavidade de impessoalidades, cogito visualizar as intempéries de meus dedos e congelo diante de um papel metálico reluzente e quadrado. E o que escrever? Exercitar a escrita e indiciplinar a língua correta. A gramática das virgulas sociáveis. Ponto. Sensibilizar os dedos para o concerto das clicadas e a velocidade da mão transcende a pessoalidade do sorriso da mente. Penso, penso, logo clico.

Balelas.

Toco o troco trocado de toques, num sembalnte de choro saudável, vem a idéia e rumina a face, num sofrer de instante duração - disse me Wilde - .

Num livro de De Profundis inexistentes, sua verossimilhança discorda da minha internacionalidade e consigo reaver o que havia perdido com a sua leitura: a minha alma. Se sofrer é um instante de longa duração, prefiro fechar o sorriso desta bela frase e tentar sobreviver ao próximo clique das palavras que dou, que correm de meus dedos e assemelham com a minha burrice ao ver que nada nelas eu penso. Corram, safadas! Corram sem que eu saiba. E se soubesse, estariam aqui?

Talvez, eu se aqui eu estivesse vivo, eu estaria chorando.
Como num gozo de Sarcantus, eu toco o troco e choro o gozo, num semelhante momento de nascimento de uma frase linda e casada há anos que nunca me disseram adeus no momento de lua de mel.
Bom dia, senhora bonita. Estive aqui anos esperando que você me dissesse o que fazer, e agora que eu a faço, o que eu escrevo?

Certo, continuo a escrever?
Que lindo, tu dizes me que continuo a ser seu instrumento de paz celestial, mas a escuridão que vejo não me vê a vista uma estrela sequer. Como eu gostaria que tu me dissesses o contrário, que o que eu escrevo é algo de minha internalidade, e não de minha internacionalidade.

Obrigado pelos beijos carinhosos ao pé do ouvido e na memória da luz. Agradeço De Profundis Coratium est Semblantis Quo. E se tu viesses em outra hora, saberias que eu estaria a te escutar.

Amo-te palavras literárias, pois sou seu instrumento de internação.

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