quarta-feira, 16 de maio de 2012

A primeira palavra!

Sabe,
no fundo no fundo no fundo
eu queria mesmo era ser Manuel Bandeira.
Descobrir uma Tereza
e ver nela a beleza de um lagarto listrado.

Sabe,
no fundo no fundo no fundo
eu queria mesmo era ser Carlos Drummond de Andrade
ter um poema de sete faces
me dizer gauche,
Vai, Calixto, ser gauche na vida.

Mas já pensei em ser Guimarães
Euclides
João Cabral
Dalton Trevisan
Antônio Torres
Carlos Nejar
mais alguns aí.

Aí vi que nunca conseguiria
nunca
impossível
Resolvi, então, não ser nada
Deixar tudo para lá

Mas me foi um dia
quando eu peguei uma folha e uma caneta
que vi
todos eles aqui
um pouquinho de cada digital
um dedo somente
conduzindo junto
dando luz a um brilho
olhei cada um e agradeci
Obrigado pela minha primeira palavra!

Família

Com Vivian
descobri a paz
conviviam
ele e ela na paz
neu e nela há paz
Aí chegou a aurora
chamamo-na de Sofia
Aí a vida foi turbilhão
De rir uma felicidade que não se fia!

Seja bem vinda, minha (f)ilha!

Cebola-teclado

Hoje desembestei
a colocar no post
o poder da glória do papel
que não consigo fazer
num papel sequer
O meu papel é de cebola
que me faz chorar com uma caneta na mão
Aí larguei a caneta
e descobri uma plantação de cebolas no teclado de um computador
Hoje choro só de sentar em frente à tela.
Passei a escrever
digitando o que lágrimas querem
Sem um motivo
mas esse é o meu motivo
ser sem motivo
um emotivo
ou um e-motivo
eletrônica
é a forma que tem o papel

Ê, le Trônica
A colocar tronos
Trônicos
na cebola
que conduz
a lágrima
que uso para escrever

Como sina,
Se na lágrima
Sina-lágrima
de sair hoje escrevendo
e te conseguir,
poema!
meu sonho maior de consumo
sempre me foi você
Pois a poesia eu já tinha (metido)
mas o poema
enxuto, amigo, próximo, perspicaz
eu o nunca
eu o nuca
eunuco
pálido paliativo doméstico
hoje se somos
somo-nos
poema - eu a ti
eu atiro
minha alma
na sua
simbiose
alma lama mala amla
ame-la
mela
com sua forma cáustica de ser
inexato
sem ponto

três
...

cebola,
desembestei de vez!


Ato falho

Quis escrever sobre loucura
Com um amigo-irmão me veio Manicomius
Quis escrever Manicomius
Mas com o blog confessionário veio-me eu
Aí quis escrever comigo
Mas só achei personagens
Aí quis escrever com os personagens
e eles me diziam, Vai você contigo
Abri uma praça
nela coloquei um título
dali saiu um amor
foi daí que descobri romances!

Fugaz

Disse-me um dia
que um dia
haveria de voltar
mas um dia
lhe foi pouco, né
demorou vários
vários mesmo
Mas quando voltou
um dia desses aí
já era tarde
seu dia virou noite
e eu virei alegria!

Um amor




Ria

Ca-va-la-ria

Todos
Todas

Tô dos, Tô das
as cavalheirices

Se cava, Lá
ria

Nada encontrou! Risos internéticos!

Eu tô dos amigos
Eu tô das amigas
Cavalos que riem nossos excessos
Cavalas que riem no show de seus excessos

Cavala-ria
Cá? Vala! Ria à vontade! É bom rir quando alguém cai!

Nessa diversão cavalar, ri toda cavalaria.

E por amor, saiba,

cavá-la-ia!


Inner self

Olhei pro teclado
E pedi palavras
Olhei as teclas
e não me deram respostas

Aí olhei as respostas
Não havia perguntas
Não havia nada
Nem as teclas

Aí olhei as palavras
não havia teclado
não havia tecla
nem havia pergunta

Mas lá me li
imberbe
imutável, mamute
em tudo que não havia nada
lá eu estava
in-completo!