quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Descoberta de uma eternidade!

Essa loucura
de poder escrever
um poema sempre
bem aqui
me deixa orgulhoso

É como uma gratidão
de poder dizer
o quanto eu te amo
Mannicommius
nesses tantos anos
você não me abandonou

Eu julguei até amadurecimento
julguei mesmo
mas não deixei de ser
aquele de lá de dez anos antes
sem os excessos
concordo
(não plenamente,
agora comedidos)
não estou tão diferente

(...)



Seremos únicos

SEMPRE!

Dupla personalidade

Há nesse quarto

uma luz retinta

estranha

infeliz

E mais nada!

É o monitor

que exige,

- Escreve, maluco! Escreve!

E maluco escreve

Quantos estão digitando madrugada adentro

Iluminados

pela chama incondizente do sono

que se soma ao suspiro de possibilidade da luz do monitor.

Quantos?

Só aqui são dois:

eu e a suposição

de que se for dormir

um poema eu vou perder.

Visa Elétrico

Passar a madrugada

inteira

lutando contra o sono

Só pra poder escrever

Não tem preço!

(Mas a light insiste em cobrar, caramba!)

Pequenininha!

Primeiro, você
depois, você
terceiro, você também

Não, não se preocupa
Eu sou seu pai
nasci pra existir por você! 

Metempsicose

Há uma alma

que esbarra noutra alma

e em outra

ni outra

e mais uma.

E são todas uma só

que não se perdem na limitação do corpo

são apenas gota num rio que se extingue no segundo que passa

e surge novo no rio que ali está

- Pedra, que cega é ao ver só água
São gotas, amiga Pedra, você que aí está
cotidianamente, não vê,
são gotas
universais
monoembasadas
em suas pluralidades
elas não são um corpo
o rio é que é um monte.

Nós que somos todos
o um
por que não?

Eu só gostaria de ser bem mais!

Símbolo

O passado e o presente

ficam bem aqui

martelando

o presente e o passado.

Será que foi tudo acertado?

Será que tá tudo acertado?

E se eu não fosse mais corajoso?

Ter encarado muitos

Escutado menos.

Poluição!

Eu poderia ter alçado outros voos, que teriam gerado outros pousos

Mas será mesmo que fiz errado?

Não é arrependimento, sabe?

É contraste, do presente com o passado.

Talvez o hoje seja apenas um limite na tentativa de tê-los

presente e passado unidos,

diminuição?

frustração?

Não, não mesmo,

tudo não passa da mais pura certeza

de

Redenção!

Uma felicidade

Sei

muito bem que sei

                            esse negócio de escrever poesia

É um vício

Estala no peito e no gosto

Crack! Bem alto!

Racha a cara!

Racha a boca!

Racha o gosto!

Você se acostuma a gostar de coisas apuradas

O muito no pouco!

A sutileza na sugestão!

Isso é bom demais.

É como esposa que um dia tem a chance de dizer

Meu amor, percebeu que a neném hoje dormiu mais cedo...

hummm

...

hoje que essas reticências não terão mais fim!

Amor segundo F.G. (e eu)

Li lá no Prosa

Ferreira Gullar

"Até os vinte e cinco, a poesia é sua

Depois dos vinte e cinco, você caça poesia

e ela lhe vem quando quer"

Chorei horrores

queria ter o amor de Ferreira

mas ela não gostava de homens de cabelos negros

Aí, cheguei aos trinta

e depois trinta e dois

aí surgiu um fiapo branco

um na barba

outro no cabelo

até que veio um no peito

Aí ela surgiu,

Doce Amada Poesia,

no tilintar dos meus cabelos brancos

Sabe, gente,

shiii, vou confessar,

essa danada só gosta de homens maduros!

(Mas peraí, Ferreira já tinha cabelos brancos aos vinte e cinco?

Eita, homem maduro que só, caramba!)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Eu e outros pensamentos íntimos

Se há um fato ótimo

de estar doente

é poder ter tempo livre

pra pensar no livro,

mas a dor de cabeça

quase augustiana dos anjos

angustia

todo o raciocínio

que se pode ter.

Se estou doente

e penso no livro

Não sairia um livro doente?

Mas se estou doente

e penso no livro

Não seria o doente com um livro?

Será que não estaria reinventando o defunto autor?

Eita, morri

Ou sou apenas personagem de mim mesmo?

Coadjuvante de si

Figuras são

figuração

de uma realidade

suspeita

Mas se figuras são

figuração

de uma paranoia

de uma preocupação

por que então figuras?

Se podemos

sermos apenas nós mesmos

e não figuras

de uma louca imaginação?

Há doença

É bem infeliz

Saber

que no corpo

há um corpo

E que esse corpo

faz lembrar que é um corpo

Nele haverá finitude

Um limite.

O limite do corpo,

porém,

é a força do outro corpo!

Aí, vem a luta

a febre

a ânsia

a corrida ao banheiro

Bom dia, você teve chance a mais um!

Mas até quando conquistaremos a vitória?

Íntimo

Entre o fato

                e o ato

há um ponto de escolha

que gera

a mais sincera apreensão

da

             angústia,

Porém!

O gosto

                              de poder

         ter essa sensação

bem                                   aqui

amaciando e esmagando

É tudo o que vale

Logo, o ato

só seria

a comiseração final

quando não mais se suporta o excesso

daquela máxima sensação de sempre!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Quebra de protocolo

A apresentação do Rio de Janeiro no encerramento dos jogos olímpicos de Londres me levou a concluir que temos vergonha da nossa cultura. Uma vergonha doentia, eu diria.

É curioso como, em pouquíssimos minutos de apresentação, muitas mensagens depreciativas foram proferidas por nós, brasileiros, nas redes sociais: "Impossível competir com as bandas X, Y e Z", "Samba e índios, que péssimo" etc. No mesmo instante, alguns ingleses afirmavam que a apresentação brasileira foi a melhor parte do encerramento.

Lembrei de um termo que pode expressar este tipo de comportamento: ejacular com a genitália masculina de outrem. Defendemos com unhas e dentes algo não que não foi concebido por nossa cultura e avacalhamos o que é feito aqui, como se não fôssemos capazes de feitos brilhantes e interessantes para o mundo.

É óbvio que temos muitos problemas, mas fazemos o de sempre: reclamar e colocar a culpa nos políticos ou no próprio 'povo'. É bem perverso o modo como utilizamos o termo 'povo brasileiro'. Parece que, ao menciona-lo, nos colocamos na estratosfera e nos excluímos imediatamente de qualquer problema: "Olha, a culpa é DAQUELES brasileiros ali, não estou incluído porque sou diferente e 'culto', viu?"... Faça-me o favor, né? Todos nós constituímos o 'povo'. Logo, a culpa é NOSSA.

Precisamos parar com o complexo de vira-latas e percebermos que nossa cultura é muito rica. Temos bastante coisa para mostrar, as olimpíadas de 2016 proporcionarão muita alegria e nos deixarão orgulhosos.

Quanto aos prolemas... Ao invés de criticarmos, vamos fazer algo útil, que esteja ao alcance de cada um. É o único meio de evoluirmos como grupo. Ao invés de criticar, faça.