domingo, 29 de julho de 2001

Alguem vai ter algo a comentar ?

Esse é um email que recebi do grupo de discussão do Cocadaboa e que gostei muito de seu conteúdo, nada de mais a acrescentar mas nos faz pensar



Durante debate recente em uma Universidade, nos Estados
Unidos, o ex-governador do Distrito Federal, Cristovam
Buarque do PT, foi questionado sobre o que pensava da
internacionalização da Amazônia.
O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta
de um humanista e não de um brasileiro.
Segundo Cristovam, foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica
humanista como o ponto de partida para a sua resposta:

Segue o texto integral

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra
a internacionalização da Amazônia.
Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse
patrimônio, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a
Amazônia,
posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem
importância para a Humanidade.
Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada,
internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.
O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade
quanto a Amazônia para o nosso futuro.
Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou
diminuir a
extração de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser
internacionalizado.
Se a Amazônia é uma reserva para todos os Seres Humanos, ela não pode ser
queimada pela vontade de um dono, ou de um País.
Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego
provocado pelas decisões arbitrarias dos especuladores globais.
Não podemos deixar que as reservas financeiras
sirvam para queimar Países inteiros na volúpia da
especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver
a internacionalização de todos os grandes museus do mundo.
O Louvre não deve pertencer apenas a França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças
produzidas pelo gênio humano.
Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o
patrimônio natural amazônico, seja manipulado e
destruído pelo gosto de um proprietário ou de um pais.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de
um grande mestre.
Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do
Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram
dificuldades em comparecer por constrangimentos na
fronteira dos EUA.
Por isso, eu acho que Nova York, como
sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada.
Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a
Humanidade.
Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio
de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua
beleza especifica, sua historia do mundo, deveria
pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo
risco de deixá-la nas mãos de brasileiros,
internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA.
Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar
essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes
maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas
florestas do Brasil.
Nos seus debates, os atuais candidatos a presidência dos
EUA tem defendido a idéia de internacionalizar as
reservas florestais do mundo em troca da divida.
Comecemos usando essa divida para garantir que cada
criança do mundo tenha possibilidade de ir a escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas,
não importando o país onde nasceram, como patrimônio que
merece cuidados do mundo inteiro.
Ainda mais do que merece a Amazônia.
Quando os dirigentes tratarem as
crianças pobres do mundo como um patrimônio da
Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando
deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia
seja nossa. Só nossa."


Jucabala

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