quarta-feira, 30 de janeiro de 2002

Dia sinão

Minha avó, uma mulher forte e sábia que a velhice e o cansaço vêm tentando derrubar, costuma dividir seus dias entre "sim" e "não". Quando diz: "estou num dia 'não' ", anuncia tão cedo quanto possível sua indisposição para a vida, pedindo que a família entenda, respeite e a deixe quieta no seu canto.
Hoje meu dia amanheceu "sim", mas do meio da tarde para cá foi torcendo a cara e virou um dia "não". Sinto tristeza, raiva e saudade do que não tive. E me pergunto (e a vocês também) se é possível escrever algo que preste quando se está triste. Dizem que a fossa é a maior fonte de inspiração de poetas, cantores e artistas em geral... Desconfio dessa afirmação. Talvez a fossa mansa seja produtiva; mas a fossa braba mesmo... como escrever sem chafurdar em clichês e afundar em autopiedade? Enquanto minha pergunta fica sem resposta, retiro-me do recinto deste manicômio para lamber minhas feridas em silêncio...

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