sábado, 12 de janeiro de 2002

Da cripta ao túmulo

Condena-se em próprios atos, o fogo que baila conforme o vento, a proa e a popa do desespero, o amargo acalento da trovoada de verão. É talvez, o grande toque mágico do ressucitar de inverno, o trote esquizofrênico da aurora da primavera, o susto do gélido fervor do outono sem sábias palavras.
Chegou o condenado gargalhando lágrimas convulsivas de dor, cegueira e dependência que somente a alma refuga-se a sentir. E ela sente sem pedir, mas já havia guardado aquelas lágrimas por muito tempo, já era hora de seguir caminho rosto abaixo e inundar a respiração gorgeante e calma demais.

Chore Rapaz, Rapaz, chore, que Eu preciso. Clamo-me.

- Preciso de um tempo, Rapaz.

Ele contorce o rosto para a grande árvore que outrora acalentou seus pensamentos mais singelos, e mais necessários para o canto de calor do coração, e chora. Chora como se nunca pensou existir lágrimas, Chora como a criança pede por alimento, ele chora por sua Vida.

Só choramos por Vida, Rapaz. Vc por minha e Eu por sua.

As palavras ainda lhe incomodam as pupilas.

- Preciso de um tempo, Rapaz.

As malditas palavras escoam rio sangüíneo abaixo, torcendo-lhe o baço, trucidando a fala, cortando sua língua, uma vez usada pela Paixão.

Não chores Rapaz, pois Eu sei sua voracidade.

Eu me calo por força de minha necessidade. Calo-me Eu. Rapaz chora, Eu choro-te.

No fundo, no fundo, há uma compreensão por tudo. As vozes que turbilham a sociedade agora te enterraram abaixo das tuas expectativas de vida, e sua capacidade de eterna compreensão,. sairam culatra abaixo das lágrimas que lhe entorpecem de dor a boca.

Chorar faz parte da vida!

Bem, pode até ser, mas perceba bem agora, que a Tampa foi posta, que a luz que estava lá fora, incendiou-se a sua frente e você nem viu.

- Preciso.. de ... um... tempooo o o o o o o o ooo o o ...Rapaz

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