Desmembranarás
O mundo piora a cada sentido!
vai-se a vida com o real desmentido.
a grandeza e a soberania agora sucumbindo
a tua eterna ingratidão!
se viesse me ver no momento em que estive pensando por nós
me veria rindo e despejando alegrias com apenas o sopro da lágrima
que se desmembra dos olhos e contagia os dentes
mas que agora se detona em espinhos.
Peço para ficar sozinho.
E se soubesse bem o verdadeiro significado de cada passo que dei
acho que agora, essas suas safadezas e impropérias
se vairão em desfigurações divinas
na dua agonia da figuração, do peso e o castramento do seu valor,
da crua tirania que se fará presente em teu cotidiano.
Saiba entender o crédulo valor do desgosto
dessa boca que uma vez lhe beijou de olhos fechados
e agora trinca os dentes por saber que existe.
Perceba,
que quando repeti desmineralizadamente a tua existência
que pulgi desrazões ficcionais por teu nome
que descrevi figuras de pulsação corporal
eu o fiz, porque eu ri
e agora me desencanto.
Forcei a goela para engolir os pulsos do coração
e segurar bem firme o peso das pupilas
que se desprendiam de sangue, suor e valores
antes julgados prioritários para mim.
Talvez tenha sonhado demais, cai de cabeça no mundo dos vivos,
fui golpeado no estômago, mas não perdi a respiração
eu somente perdi a minha alma.
e sua ignorância se fez tão racional
que os membros que perdi quando lhe amei por demais
que as formas que figuramos quando junto estávamos
que as belezas que a minha cabeça criou por crer demais na fé dos teus olhos,
cairam por demônios que antes eu pensava não existir
mas que seguravam os teus braços e brincavam de lhe tampar os olhos.
Penso bem,
só me merecem aqueles que em mim crêem,
que sabem enxergar aqui um tótem de alegria e um bom abraço
uma mão amiga e um irmão não-consaguíneo
mas que só não poderão ter o amor da minha carne.
Eu encarno
o puro figo que não secou para o natal
a fruta que não se estragou ao peso do tempo
o gosto da flor que lambe os beiços da abelha que lhe disseca as entranhas
o mel que de elixir seu ouro me banha.
Sou acima
de tudo que pesou por não me compreender
da dor à algúria que se destaca em perseguimento
de te ver ali, sem comigo estar.
Aprendeste?
Ainda talvez não tenha as palavras
pois daqui só lhe sobra olhares
que por cima do meu nariz terás por valor
que lhe acho cair melhor.
Corrôo.
Pois este sangue aqui ainda te tem vivo
mas talvez não me faça sentir alívio
mesmo que a carne se contorça em desvario.
Ponha-se em meu lugar e me desgrude da figura do irracional
é na verdade a única vontade que tenho de praticar
e lhe pertubar em agonias, o sono que nunca se aproxima.
Durma bem. E durma o sono dos anjos
já que, aqui, há a queimadura do inferno,
neste homem que esqueceu que nasceu homem
e seguiu a desracionalidade do carinho.
Agora eu sonho sozinho
ao saber que ali a minha frente há um amor que se faz possível
e que escondi por receio de que descobrisse
quando me pegasse sonhando em excesso,
com um futuro que achava que não ia desmembrar.
Destilarei? Não sei se quero,
prefiro o gosto do acalento do amigo
que agora desdenho no meu peito.
Perfilo o irreal gosto do respeito
mereces algo deste nível?
Ou mereces o encanto dos fechos das minhas sombrancelhas
Reajo forte ao golpe da rasteira, a dor que incendeia, a membrana que se discumpre, a raiva que fulgura
além da compreensão humana
entenda, criança, que as marcas que deixei na tua vida
se perdurarão até o desgosto lhe cair na alma
por perceber que o presente que te deram
foi perdido por entre tuas mãos
e as membranas gelatinosas que se formaram entre teus dedos
são as marcas das lágrimas em que nadarás futura e futuramente
como um peixe que não sabe mais o que é o doce gosto do puro oxigênio
diante a poluição em que mergulhou eternamente.
Peço que sejas feliz,
e que nunca mais encare o anzol que pus no lago ao lado do seu
neste lago onde a água ainda é boa para se beber.
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