quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

Desespero por escrever. Resultado

A todos, antes que o Cocadaboa publique esse meu texto, e já sabendo que não há mais derivações do Cocadaboa para cá para o nosso Mannicommius, eu publicarei na íntegra esse meu texto que desde já, está provocando uma certa problemática entre os autores em função do seu conteúdo. Com medo de total represália, ou a criação de um sentimento de angústia entre todos nós, já vou logo relatando que o intuito desse texto foi diretamente a crítica contra o machismo instaurado no mundo inteiro. Como é base da criação desse meu personagem, usar do machismo para mitificá-lo ainda mais e ainda mais, tentar escrachá-lo e pô-lo no lugar que ele realmente o merece. O limbo sempre foi o caminho mais seguido pelo P.I.R.U., e agora aqui, falando aquele que o criou, ficou já receoso com a sua publicação. Se há ainda alguém que leie esse nosso corpo de mensagens, que por favor, ao fim desse leitura, mande-me alguma resposta sobre o seu conteúdo.

Desde já, agradecido deveras com tudo que receberei, bem intencionado ou não.

Eu.
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Mrmanson - um recado - Companheiro. Em nenhum momento eu colocaria nossa amizade de quase uma década de existência na corda bamba em função de um texto merda - mais um - que escrevi. Sei que o assunto nele abordado pode ser extremamente grotesco, infame, mas como nós mesmos sempre falamos, é a mais pura verdade no mundo doentio dos homens. E talvez, com o email que você me mandou, digo que fico assustado com o que vi, pois eu nunca pensei que fosse te deixar assustado ou preocupado com alguma coisa que eu viesse a escrever. Sei que o texto é estranho e questionador sobre o ponto de vista que eu proponho, e mesmo usando a roupagem do personagem que criei e que sempre falo que é personagem, sei que posso causar algum problema para nós todos. Porém, o texto veio de uma conversa em sala de professores, de onde ando tirando boas sacadas para textos. Não quero e não pretendo colocar a minha amizade para com todo o grupo que eu idolatro em jogo por causa dessa merdinha que escrevi. Como eu já disse uma vez, se for para não perder nenhum de vocês em função disso, eu saio do Cocadaboa! E não será da primeira vez que passo uma boa época sem publicar nada, e não vai ser em função de um textozinho bosta que quebrarei isso. Posso ficar um bom tempo sem publicar se for necessário, buscando palavras para outras merdas que escreverei. E mesmo assim, te digo desde já que amo a todos vocês e se não puser nunca nossa amizade em risco, vc pode publicar, porém, se o caso for inverso, vc já sabe o que fazer. E ainda mais, o texto não relata um alguém em específico, mas toda uma legião masculina.

Beijos, eterno amigo.
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E na íntegra, à granel. O texto:

Eu sinto tesão pela namoradas dos meus amigos

Já vou falando logo que esse texto aqui não tem a intenção de mostrar uma solução para o problema aqui que será afligido. Também não venha me mandando e-mail dizendo que o texto tá uma merda pois eu não estou preocupado em escrever com esmero ou com destreza. Se tu é metido a besta a querer ler crônicas ou textos jornalísticos parnasianos, que vá atrás de Boris Casoy ou qualquer outro manco por aí. E também, para as boyzinhas que acham que sou um pervertido, já mando logo tomar no cu! E CU NÃO TEM ACENTO! E se vocês ficarem mandando mensagenzinha dizendo que sou um grosso, já mando a patada dizendo que não era para ter me visto no banheiro e sair por aí dizendo que sou grosso sem mais nem menos.
A única que tem direito de falar alguma coisa desse texto é a mulher maravilha, que não fique chocado com essa merda aqui, mesmo sendo namorada de um grande amigo meu. E que se foda esse amigo meu também!!!

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Quando eu cheguei a dizer para um dos escritores daqui do sítio, nesta sexta-feira dia vinte e um de fevereiro, em plena Sham Rock Copacabana para Irlandeses, que viria a escrever esse texto. Ele foi realmente verborrágico " Espero que não escreva sobre minha namorada." E já diante da represália, só me restou abaixar a cabeça e deixar fluir o pensamento. Nada que uma cerveja e um charuto envelhecido não resolva.
Porém não posso ser hipócrita: quando um amigo meu me apresenta uma namoradinha nova, eu penso logo como é que ela seria se estivesse comigo? Querendo ou não, olharei para as pernas dela, para os peitos dela e compararei com as outras namoradas dos meus outros amigos que já vieram a me relatar sobre gostos e vontades que essas meninas têm na cama. Querendo ou não, a naturalidade do libelo do pensamento moderno sobre trepadas homéricas e necessidades por encarar as novas calcinhas do mercado, poluidora dos impulsos de uma calça jeans bem apertada, me tomam de raiva e me fazem rodar a imaginação numa ruidosa algazarra de gritos, gemidos e torções na zorba. E a puta da zorba parece querer exclamar a voluptuosidade do esporro das gônadas! Querendo ou não, eu vou olhar para a bunda dessa menina e ver como o meu amigo está sendo sortudo, mesmo indecorosamente falando que esta namorada é a mais perfeita para ele. Munido de uma racionalidade extremecida e extremamente mentirosa, eu darei todo o aval para que ele consiga alcançar a felicidade com essa menina que me apresentara, torcendo vertiginosamente enganado desse sadismo embevecido de pensamentos fálicos.

É foda.

E querendo ou não, eu estarei sempre olhando para ele, naquela cara de ganhador de um grammy ao ver a sua namorada caminhando para o banheiro e ele feladaputamente perguntando se ela é ou não gostosa, e atiçando ainda mais o meu nervoso pois dessa vez, vexatoriamente, tenho o comprometimento de olhar para a bunda que está grunhindo pecado e torpor reprodutivo, tremendo tremendo e tremelicando, suor frio, clube da comparação humana. Somos feitos disso. E querendo ou não, olharemos com avidez.

Andar no Shopping, você com sua namorada, também olhará para as boyzinhas que se marcam como carnes em açougue popular, expostas aos gaviões populados de marcas de compromisso e o bravio jejum de noites e noites de mão e carinho e enforcamento, suando o banheiro das facilidades do estrangulamento. Você puxa a sua namorada mais perto de seu peito e olha. Encara. Hein? E fuça a forca do gosto instintivo da comparação. E imagina como seria se fosse ela a sua namorada e não essa que você abraça de pulso falso e carícia camuflativa? Sinceramente, como homem, acho que todos fazem isso, como ser humano, ainda acho que há uma pontinha de esperança. E como cocadaboense, acho porra nenhuma. Que se foda mesmo. Já estou de saco cheio desse texto.

E meninas que chegaram até essa parte do texto, eu peço até perdão por estar contando isso, mesmo preso nessa câmara de produção textual que é este puteiro em que me encontro agora – minha própria mente – vejo o quanto de razão vocês possuem por ainda serem românticas e realçarem seus corpos em academias e roupas de pouca costura. O quanto é que vocês gostam de marcarem-se como algo a ser degustado e vislumbrado. O mundo é graciosamente de vocês. E eu, vou ficar aqui, comparando o que mostram e soluçando a cueca com o que acho que fazem bem. Parabéns para vocês todas. Marcadas. Querendo ou não.

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